quinta-feira, 14 de abril de 2011

Subitamente acordei e percebi que há dois anos que não vivo. Minha alma permanecia guardada em um armário empoeirado, escuro, sem risos, sem sussurros. Apenas os fantasmas da minha consciência habitavam a meu redor. Perguntei-me, confusa: onde estou que não me acho? Por que estou aqui, escondida de mim, fugindo da vida e das pessoas, ainda presa a uma história sem fim, sem começo e pelo visto sem meio também. Platonismo tem limite, penso.
Fingir que não sinto nada pelo visto não me fez deixar de sentir. Só me fez perder dois anos da minha vida, vagando entre copos e olhares, deitando cedo e dormindo tarde, perdendo horas com pensamentos conflituosos, obsessivos, torturantes, que apenas serviam para me consumir. E aqui estou eu novamente, em meio a letras e versos, parágrafos e vírgulas, tentando pôr um ponto final em uma lembrança inquietante que já criou vida própria e que todo Ano Novo aparece para me lembrar de não esquecer.
Creio que nova etapa se inicia. A receita agora fica evidente em cada célula do meu corpo, em cada inalação de oxigênio. Fingir, fugir, odiar, beijar em outras bocas, encenar um novo amor, tentar causar ciume, nada disso funciona. Apenas uma coisa realmente tem algum efeito quando se perde um grande amor para o tempo. O próprio tempo.
A vida é a resposta, vejo agora. Vejo não... sinto. Não cabe mais em mim viver uma realidade inventada, um amor em devaneio, perdido em um limbo imaginário entre o passado e o presente, sem jamais... eu digo jamais, com insidiosa convicção... chegar ao futuro. Posso até afirmar que meu amor nunca existiu. Deveria ser conjugado apenas e tão somente no Subjuntivo, no condicional, no temporal... ou melhor no atemporal.
Não sei como será meu dia a dia, meu cotidiano, minha rotina daqui pra frente. Sei apenas que não quero mais imaginar ligações, cenas, situações, beijos e amassos. Quero pela primeira vez em tanto tempo ficar só... ficar comigo... me saber real, me conhecer.
Prazer, sou Elizabeth Toledo e gosto de comer pizza de pepperoni com coca cola no sábado.
Prazer, sou Liz. Tenho 32 anos, não tenho filhos e nem tenho marido. Todos os meus amigos são casados por isso passo meus dias sozinha em casa, vendo Zorra Total no sábado a noite - mentira, prefiro a morte! - e fingindo que não me importo com o avanço do tempo.
Prazer, sou a Liz. Falo demais, ajo de menos e tenho o grande defeito de ser excessivamente preocupada com as pessoas que amo quando nem elas mesmas se preocupam. Que fazer? Sou eu.
Meu mundinho particular é tão escuro. Preciso levar alguma luz para ele. Quem sabe procurando um vela eu encontre um holofote?

3 comentários:

Unknown disse...

Estou me sentindo da mesma forma, abandonada, magoada e sem rumo, sem saber o que fazer, mas certa do que quero fazer, esquecer, viver, mas não é facil, por isso tambem estou aqui sozinha em meu quarto em uma linda sexta feira,me lembrei que tambem gosto de pizza, mas ha quanto tempo não tenho prazer em comer uma.

Unknown disse...

hj estou aqui sentindo a mesma coisa que vcs,não é fácil, mas minha certeza é que dias melhores virão e um dia eu ainda vou ser muito feliz!!!!!!

Liz Toledo disse...

É...nem sempre a vida é justa. E quando a gente pensa q já se acostumou à dor e à toda situação a dor antiga volta, renovada, forte, como se cada instante de silêncio fosse um novo impulso para ferir a alma. Dificil. Só resta respirar e tentar ver uma luz em algum canto. Sobreviver é a palavra.